Compreendendo o Hino Nacional Brasileiro

Postado por Cabeça De Touro F.C. domingo, 27 de junho de 2010


Letra: Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva


Setembro, mês da Pátria. Dia 7 de Setembro é o dia das paradas militares e o dia de comemorar nossa Independência. Na verdade, para a Pátria devem ser todos os dias. O Hino Nacional é um dos principais patrimônios lingüísticos, semiológicos e patrióticos. Pela bela música e pelos belos versos, vale a pena conhecer melhor nosso hino. Ultimamente a gente só tem ouvido nos eventos esportivos, quando um
brasileiro sobe ao pódium ou quando a Seleção de Futebol inicia uma partida oficial internacional. O trabalho de Wayne Tobelem dos Santos tem vários méritos: traduz em linguagem simples os significados literais e poéticos do texto; estimula o enriquecimento do vocabulário; provoca um debate nacional em torno de cidadania; e ajuda a resgatar nossa auto-estima enquanto cidadãos brasileiros.

1. Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante

As margens plácidas do (rio) Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico.
Plácido quer dizer calmo. Dom Pedro I vinha de Santos, ao longo do rio Ipiranga,
quando tomou a corajosa decisão de declarar a independência do Brasil.
Brado é grito. Retumbante é estrondoso, barulhento, para fazer um contraste com
a placidez das margens.
Poderíamos parafrasear (escrever de outra forma) este verso assim: As margens
calmas do rio Ipiranga ouviram o grito estrondoso de um herói (Dom Pedro I), que
representava todo o povo brasileiro.
O riacho Ipiranga nasce junto ao Zoológico de S. Paulo. Era de costume na época
inverterem-se as frases à moda latina.

2. E o sol da liberdade em raios fúlgidos
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Fúlgido significa brilhante.
Mas não dava prá dizer: "raios brilhantes brilhavam" porque iria parecer
repetitivo e pobre. O grito de "Independência ou Morte" transformava uma nação
colonial, dependente de Portugal, em um novo país autônomo e livre. Duque
Estrada compara a liberdade a um sol brilhante que ilumina o céu (Pátria), antes
obscurecida pelo colonialismo.

3. Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Penhor equivale a garantia, segurança. É comum a gente penhorar algo de valor
(em troca de dinheiro) e receber um papel que garanta a recuperação daquilo que
foi penhorado. O Brasil passou a ser independente e, portanto, conquistou o
penhor da igualdade, ou seja, daquele momento em diante, Portugal e Brasil eram
nações iguais, sem que uma fosse superior à outra. E a frase continua, dizendo:
o nosso peito desafia a própria morte.
Simplificando: agora que o povo brasileiro conquistou seu passe para a
liberdade, através de sua força e coragem, inspirado nesta nova liberdade não
hesitará em enfrentar a própria morte (isto é, se tiver de lutar e morrer, o
povo não sentirá medo). A frase pode ser reescrita assim: através de nossa
coragem conquistamos uma igualdade de condição com quem antes era nosso
colonizador e, para manter esta situação de liberdade, estamos prontos a
sacrificar a própria vida.

4. Ó Pátria Amada,
Idolatrada
Salve! salve!

Idolatrar é transformar algo ou alguém em ídolo, como se costuma fazer com artistas de modo geral. Salve equivale a uma saudação. Originalmente se dizia;
"Deus te salve!"

5. Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece!

Vívido é intenso, ardente, vivo. Formoso é belo.
Límpido significa transparente, claro. Resplandecer equivale a brilhar ou luzir intensamente. Aqui o poeta compara o Brasil a um sonho intenso, porque ainda tem muito a realizar. Sabe-se
que o Cruzeiro do Sul é uma constelação que aparece no céu do Brasil. Ela tem a
forma de cruz, que nos lembra Jesus Cristo e as práticas cristãs. Portanto,
vamos refazer os versos para entender o sentido: O Brasil é como um sonho
intenso e, já que em nosso céu límpido a cruz de Cristo resplandece, desta cruz
desce um raio brilhante que ilumina o Brasil. Ou seja, o Brasil está sob o
amparo e a proteção de Cristo.


6. Gigante pela própria natureza
És belo, és forte impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Se você olhar o mapa mundial, vai notar que o Brasil é o quinto maior país do
mundo (depois de Rússia, Canadá, Estados Unidos e China). Com mais de 8.500.000
de Km2, o Brasil é naturalmente gigantesco.
Note que às vezes os poetas têm o costume de falar diretamente com as coisas,
como se elas fossem pessoas: "és belo, és forte..."
Impávido significa sem medo: destemido, corajoso. Colosso é uma pessoa ou objeto
de tamanho muito grande.
Vamos reescrever a frase: Tu (Brasil), és belo, forte e, graças ao tamanho
imenso que a natureza te deu, não tens medo de nada. Além disso, a tua grandeza
de hoje vai se revelar no futuro.

7. Terra adorada, entre outras mil,
És tu Brasil, ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
                                                                                                                            Este trecho é mais fácil de se entender, embora também utilize algumas
inversões:
Brasil, tu és nossa terra adorada e te escolhemos entre outras mil terras; tu és
nossa pátria amada, mãe gentil (carinhosa) dos filhos deste solo (de nós,
brasileiros).

8. Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Esplêndido é maravilhoso, deslumbrante. Fulgurar é brilhar, resplandecer. Também
pode significar distinguir-se ou sobressair (entre outros). Florão é uma
decoração bonita e grande em forma de flor.
A idéia que Duque Estrada quer transmitir é a de que a localização geográfica do
Brasil é mesmo muito privilegiada: as montanhas, as matas, os rios, toda a
natureza formam a imagem de um berço (porque, além do mais, o Brasil, uma nação
que se tornara recentemente independente, era como um imenso país
recém-nascido).
"Ao som do mar", porque temos um litoral vasto com belíssimas praias; "e à luz
do céu profundo", isto é, ensolarado, típico dos trópicos.
O "sol do Novo Mundo" coloca o Brasil mais uma vez como uma nação jovem e
promissora. O velho mundo (Europa) conquistou e colonizou o novo mundo
(América).
Vamos reescrever: Brasil, tu possuis uma localização espetacular, com uma
natureza rica, muito mar e sol. Por isso, entre outras nações da América (Novo
Mundo), tu te destacas como um florão.

9. Do que a terra mais garrida
Teus risonhos lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio, "mais amores".
Garrida é colorida, alegre, vistosa.
Teus risonhos lindos campos têm mais flores do que a terra mais garrida
(vistosa). Ou seja, nossa natureza é mais colorida e bela que a de outras
terras.
Nossos bosques têm mais vida (mais beleza e vitalidade).
Nossa vida, em teu seio (dentro de ti, Brasil), mais amores.
Equivale a dizer que nós, brasileiros, por vivermos no Brasil, somos mais
capazes de amar.
As aspas são usadas por Duque Estradas no original, pois representam citações
dos versos de Gonçalves Dias em "Canção do Exílio":
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá...
...Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas varzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

10. "Ó Pátria amada,
Idolatrada
Salve! Salve!
Idolatrar é transformar algo ou alguém em ídolo, como se costuma fazer com
artistas de modo geral.
Salve equivale a uma saudação. Originalmente se dizia: "Deus te salve!"

11. Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado
Ostentar é mostrar com orgulho.
Um lábaro era um estandarte muito usado pelos romanos e aqui está representado
por nossa bandeira, repleta de estrelas. O poeta compara a bandeira a um
estandarte e deseja que ele represente o amor eterno.
O verso está invertido. Deve-se ler: Brasil, o lábaro que ostentas estrelado
seja símbolo de amor eterno.
O poeta está tentando dizer: tomara que as estrelas da tua bandeira sejam
símbolo de amor eterno.

12. E diga ao verde-louro desta flâmula
Paz no futuro e glória no passado.
Flâmula aqui, é sinônimo de bandeira. O louro é uma planta. Com seus galhos e
folhas os imperadores romanos eram coroados. Portanto, simboliza poder e glória.
Mais uma vez, vamos olhar para a bandeira. Duque Estrada torce para que o louro
da bandeira simbolize um poder que venceu batalhas gloriosas no passado, quando
isso foi necessário para se conseguir a independência, mas só deseja paz daquele
momento em diante, pois o verde, além da esperança, também simboliza a paz.

13. Mas se ergues da justiça a clava forte
Verás que o filho teu não foge à luta,
Nem teme quem te adora a própria morte.

Clava é um pedaço de pau pesado (mais grosso numa ponta que na outra), que era
usado como arma.
Vimos que, no verso anterior, o poeta sonha com a paz no futuro.
De repente, entretanto, este novo verso diz: mas se ergues (levantas) a clava
forte da justiça, ou seja, se o país tiver de lutar contra a injustiça, verás
que um brasileiro (filho teu) não foge à luta (enfrenta a guerra).
E quem te adora não teme nem a própria morte, quer dizer, os brasileiros adoram
tanto o seu país que seriam capazes de sacrificar suas próprias vidas para
defendê-lo.

14. Terra adorada, entre outras mil,
És tu, Brasil, ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria Amada, Brasil!

Este trecho é mais fácil de se entender, embora também utilize algumas
inversões: Brasil, tu és nossa terra adorada e te escolhemos entre outras mil
terras; tu és nossa pátria amada, mãe gentil (carinhosa) dos filhos deste solo
(de nós, brasileiros).

Fonte: Wayne Tobelem dos Santos

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